quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

ANO NOVO 2015




Desejamos a todos os nossos leitores e amigos, 
um bom ano de 2015.


De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que precisamos continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro...
(Fernando Pessoa)










terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Acidentes de Viação 2009-2013

Acidentes de Viação 2009-2013


Nestas épocas festivas as campanhas de alerta apelando ao bom senso dos condutores, para um condução mais defensiva e mais civilizada, são intensificadas por parte das autoridades competentes, combatendo alguns maus hábitos de condução e aos seus respectivos excessos, que perduram nas nossas estradas, continuando a fazer vitimas, tal como na guerra.
O cenário continua a ser pintado de preto, da cor do asfalto, do luto, da morte que nela circula a uma velocidade feroz, ceifando vidas atrás de vidas. Deixando para trás famílias inteiras destruídas, mães sem filhos, pais sem netos, filhos sem pais, numa total destruição que vai acontecendo diariamente nas nossas estradas.


Gráfico - A1

Querendo compreender este fenómeno que marca muita gente, fizemos uma pequena recolha de dados, referentes aos acidentes de viação com vítimas que aconteceram no distrito de Portalegre nos últimos cinco anos, para analisar aqui:
Como podemos verificar no gráfico “Acidentes de Viação com vitimas 2009-2013”, o concelho de Elvas é o local a onde se verifica o maior número de acidentes de viação (405), seguidos logo por Portalegre (267) e Ponte de Sôr (248). Em sentido oposto temos o concelho de Fronteira (26), onde se verifica o menor número de acidentes neste cinco anos.

Dos perto de dois mil acidentes (1872) que ocorreram nas nossas estradas, 82% foram acidentes com vitimas, 15% c/ feridos graves e 3% com mortos (ver gráfico A2).


Gráfico - A2

Relativamente ao concelho de Nisa, encontra-se na 5ª posição, no distrito de Portalegre, com uma média de 19 acidentes por ano.


Gráfico A3


 Analisando de forma mais pormenorizada os dados referentes ao ano de 2013, os últimos dados disponíveis, verificamos uma estabilização no numero de acidentes rodoviários com vitimas, como sempre o líder incontestado deste campeonato o Concelho de Elvas.


Gráfico A3


No último relatório do Observatório de Segurança Rodoviária, são nos apresentados outros dados, mais detalhados, que nos podem ajudar a traçar o tipo de condução e as causas das ocorrências, desfazendo mesmo alguns mitos, ora vejamos:
Em 2013 houve no distrito de Portalegre 302 acidentes com vítimas, o mês do ano em que se registou um maior número de acidentes de viação foi Setembro (38 casos) representando 12,6%, enquanto o mês com menor ocorrências foi Abril (16) com 5,3%.
O dia da semana em que houve, em 2013, mais acidentes foi a terça-feira (19.2%), e 75.2% ocorreram durante o dia entre as 12 e as 15 horas (20.2%), com bom tempo (77.2%) e acontecendo fora das localidades (55%).
“Vale mais perder um minuto na vida, que a vida num minuto!”



NISACENTRAL 2014







Fontes:
·         Observatório de Segurança Rodoviária
·         INE

·         PORDATA – Base dados


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O Mercado Municipal de Nisa


O Mercado Municipal de Nisa

Estando o arranque dos trabalhos da requalificação do Mercado Municipal de Nisa marcados para o dia 05 de Janeiro de 2015, leva-me este artigo a uma viagem ao passado, finais dos anos 50 e início dos anos 60 do século XX, através do relato de um conjunto de documentos oficiais, fruto de uma pequena investigação sobre investimentos públicos no concelho de Nisa, que pode contribuir para um melhor conhecimento da verdadeira história deste bem físico duradouro, que é o Mercado Municipal de Nisa.

Decorria o ano de 1956, quando foi publicado no Diário do Governo, II Serie de 31 de Outubro, a autorização para a Câmara Municipal contrair um empréstimo de 600 contos, para o projecto de construção do Mercado Municipal desta vila, orçado inicialmente em 930 contos.

(a) Oficio da CMN em 21/11/1961




Dois anos e meio depois, a 22 de Junho de 1959, as obras iniciam-se….
Mas, em Novembro de 1961, a obra ainda estava por concluir, tal como relata o seu presidente da Câmara, Mário Relvas Fraústo, no ofício datado de 21 de Novembro de 1961, (ver imagens) dirigido ao Ministro das Finanças, solicitando novo empréstimo de 380 contos, para fazer face a um conjunto de imprevistos:
- O “mais curioso” é o lapso de se não se ter incluído no orçamento inicial a compra do terreno, no valor de 185 contos;
- O outro imprevisto, são devidos a trabalhos não previstos inicialmente, no valor de 440 contos (+47% do orçamento inicial) – e que hoje em dia chamam pomposamente de derrapagens financeiras, mas já nessa altura havia…
O Mercado Municipal de Nisa é finalmente inaugurado no dia 28 de Julho de 1962, seis anos depois do primeiro empréstimo de 600 contos, aos quais se acrescem mais 279 contos da comparticipação directa (30%) do Estado, dos 187 contos do reforço da comparticipação directa do Estado (trabalhos não previstos), mais 380 contos do segundo empréstimo e finalmente 109 contos de receitas próprias (ordinárias) da autarquia, totalizando 1550 contos (+ 60% que o orçamento inicial) – que a preços actuais (2014) rondariam a módica quantia de 413 mil euros, a sua execução.
Olhando para estes números e comparando-os com os valores previstos para a requalificação actual (469 mil euros), sem derrapagens, estamos na presença, cinquenta anos depois, na construção de um novo mercado municipal.
NISACENTRAL 2014


(a) Documentos do Arquivo Digital do Ministério das Obras Públicas

sábado, 27 de dezembro de 2014

A evolução da população no concelho de Nisa entre 1864 e 2013

A evolução da população no concelho de Nisa entre 1864 e 2013
A população é um elemento fundamental na construção e manutenção de uma determinada sociedade, como assistimos ao longo dos tempos, nas conquistas de territórios aos inimigos, até ao povoamento do mesmo, sempre foram as pessoas o primeiro factor no desenvolvimento dos mesmos. Em estatística chama-se população ao conjunto de todos os valores que descrevem o fenómeno que interessa ao investigador, assim sendo, e devido á sua importância tão crucial, principalmente para os povos do interior, que vivem numa luta desigual para fixar as suas gentes, o nosso primeiro grande tema a ser abordado, no blog NisaCentral, será a população.

E, como já aqui fizemos referência, os primeiros dados oficiais sobre a população do concelho de Nisa datam do ano de 1864, resultando dos primeiros censos realizados em Portugal, quando a população residente no concelho de Nisa (10.244 hab.) representava 10,5% do distrito de Portalegre (97.910 habitantes em 1864), enquanto hoje (2013) existem 7.091 habitantes no concelho, representando um peso de apenas 6,3% da população do Distrito de Portalegre (114.903 habitantes).
 Podemos corroborar que, a população do distrito aumentou nestes 149 anos, mais de 17% face a 1864, passando dos 97.910 habitantes, para os 114.903 habitantes em 2013. Enquanto no concelho de Nisa, assistimos a uma situação inversa, com uma perda significativa de população, principalmente a partir da década de 60 do século XX, como se pode verificar o gráfico 1 – “Evolução da população do concelho de Nisa entre 1864 e 2013”.
No “retrato” aqui apresentado neste primeiro gráfico, verificamos que até aos anos 50 do século XX, o concelho de Nisa crescera em termos populacionais, como nunca, atingido um aglomerado populacional de média dimensão, com quase vinte mil habitantes, apresentando-se marcadamente como um território de forte influencia regional. 
 GRAFICO 1 - POPULAÇÃO CONCELHO NISA 1864 – 2013

Nos dados aqui representados neste Gráfico 1, destacamos, sem dúvida a década de ouro em termos populacionais, que foram os anos 50, no concelho de Nisa, havia mesmo muita gente, como se pode comprovar em várias publicações da época.
Dos quase vinte mil indivíduos (19.920 Hab.) que habitavam este território denominado concelho de Nisa, 9.718 eram do sexo masculino e 10.202 do sexo feminino.
Uma outra curiosidade que verificamos nos censos de 1950, no caso do concelho de Nisa, foi a situação em termos de educação, a população que sabia ler era de 8.682 pessoas, dos quais 57.6% eram do sexo masculino.
E, ainda segundo os dados dos Censos de 1950, existiam 4242 famílias com filhos, verificando-se que 12,7% tinham mais de cinco filhos, e que hoje em dia chamamos “famílias numerosas”.
Relativamente à comparação com a média apurada no distrito de Portalegre (17,6% de famílias com mais de 5 filhos), o concelho de Nisa fica muito abaixo dos números para a época, o que significa que a população poderia ter sido ainda mais expressiva, nesta década de ouro populacional.
Quanto ao momento que vivemos (dados de 2013), a situação populacional do concelho de Nisa, apresenta uma expressão delicada, para não dizer dramática, com os 7.091 habitantes, dos quais 35,7% têm mais de 65 anos de idade. Nestas seis décadas perdemos mais de 60% da população entre 1950 e 2013, uma perda irreparável,  mais de 10% ao ano.
Num próximo artigo iremos abordar as questões do envelhecimento populacional do concelho com dados recentes, tendo por base uma projecção elaborado pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, da evolução no horizonte temporal para as duas primeiras décadas do século XXI (até 2021) no âmbito do relatório final da Projecção do Parque Escolar Alentejo 2013.

NISACENTRAL  2014

Bibliografia


·         INE;
·         Pordata – Base de dados;
·         Análise Estatística Sobre a Região do Alto Alentejo”, Escola Superior de Educação de Portalegre, de João Emílio Alves;
·         Relatório final da Projeção do Parque Escolar Alentejo 2013, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

"NUMERAMENTO" DA POPULAÇÃO


Os primeiros números sobre a população portuguesa (continente) são os que decorrem do "numeramento" da população mandado efectuar pelo Rei D.João III, em 1527. Apontava-se na época para uma população de pouco mais de um milhão de pessoas (1.120.000 hab.). No caso de Nisa, sabemos que no seu território ainda não havia 5 mil pessoas a viver, segundo Maria Fernanda Alegria, no seu artigo publicado na Revista da Faculdade de Letras - Geografia I Série, Vol. I, Porto, 1986, p. 179 a 206, intitulado  "O povoamento a sul do Tejo nos séculos XVI e XVII".
Mas, segundo a mesma fonte, em 1636, cento e nove anos depois, a população de Nisa, crescera e, já era superior à referência de 5.000 almas, mais precisamente de 6.240 Habitantes.
Em 1636 e 1732  a população do continente (2.143.368 Hab.) continua sem registar grandes evoluções, para além das elevadas taxas de mortalidade devido às pestes, fomes e guerras, frequentes na época, resultando daí uma curta esperança de vida, como iremos verificar ao longo da publicação dos dados.
Nos anos seguintes, em 1776 e 1778, o intendente Pina Manique manda efectuar "as listas dos povos do reino", em que constam números de "fogos" existentes, não se referindo à população propriamente dita.
Só em 1801 é que voltamos a ter alguns dados relevantes da população, nomeadamente através da recolha efectuada junto das autoridades civis e eclesiásticas, que registaram 2.931.930 habitantes (perto de 3 milhões de pessoas).
No ano de 1859, devido à reorganização do Ministério das Obras Públicas, Comercio e Industria, é apresentado o "Relatório sobre Estatística Geral de Portugal", que irá dar lugar à realização do 1º s Censos em Portugal, em Janeiro de 1864. Pela primeira vez será realizado, em Portugal, um grande inquérito à população, tendo como base a população de facto, aplicando-se o "método directo, nominativo e simultâneo, mediante de boletins de família (com o nome, idade, sexo, estado civil e profissão ou condição).
Segundo esses primeiros Censos, existiam em Portugal continental e ilhas, mais de quatro milhões de pessoas (4.188.419 Hab.).
Quanto ao concelho de Nisa, os primeiros dados oficiais deste primeiro censo, serão aqui devidamente escrutinados, num outro "post", de forma mais detalhada. Mas, desde já podemos realçar que havia 10.244 habitantes a viver nesta terra bordada de encantos e, existia uma outra configuração territorial das freguesias, a Amieira do Tejo, por exemplo, pertencia ao concelho do Gavião,  entre outros factos, que analisaremos noutros "post's".

                                                                                                                            NisaCentral 2014
Nota bibliográfica:
  •  "O povoamento a sul do Tejo nos séculos XVI e XVII", de Maria Fernanda Alegria, Revista da Faculdade de Letras - Geografia I Série, Vol. I, Porto, 1986, p. 179 a 206;
  • "A evolução da população ao longo do século XIX — Uma perspectiva global" - Maria Luís Rocha Pinto e Teresa Rodrigues in Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas;
  • "A Comarca d'amtre Tejo e Odiana no numeramento de 1527-1532", de Galego, Júlia, edição de 1982
  • INE- Instituto Nacional de Estatística


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Apresentação



NisaCentral pretende ser um blog com uma raiz fortemente formativa, que vem ocupar um espaço até agora vago, no panorama informativo local e regional.
O primeiro objectivo será formar e informar o cidadão, recorrendo a dados estatísticos oficiais para elaborar gráficos e quadros, que serão acompanhados de pequenos textos informativos, os quais nos ajudarão a compreender melhor a comunidade local e o seu posicionamento socioeconómico, em vários patamares.
Hoje em dia existem muitos dados estatísticos e muita informação relevante sobre o concelho de Nisa e a região do Norte Alentejano, que se encontram dispersos por várias entidades, os quais muitas vezes são difíceis de encontrar, compreender e tratar, mesmo, por estes se encontrarem intercalados com outro tipo de informação. Por isso, será nosso propósito, agrupar alguns desses dados aqui, neste espaço e partilha-lo consigo de forma desinteressada.
O nome “NisaCentral”, que é atribuído a este blog, é uma homenagem que se presta a esta vila alentejana (Nisa) e às suas gentes, tentando através dos dados aqui publicados, centralizar e reposicionar um alinhamento perdido de uma Nisa verdadeira, a vila, o concelho e a região, visto através da transparência dos números.
A publicação dos post’s será feita com uma periodicidade semanal e obedecerá a critérios de seleção e preparação dos dados de forma profissional e criteriosa, utilizando sempre uma linguagem simples e acessível, com o objetivo de servir todos os leitores deste blog.
Tentaremos tratar, com elevado rigor, de forma isenta e séria os números aqui expressos, evitando a sua manipulação, ficando a cargo do leitor a sua interpretação final.
Além dos dados simbólicos que a estatística produz, iremos também publicar informação relevante para a formação cívica e participação política dos cidadãos deste concelho, fazendo publicar com regularidade, prestação de contas de entidades oficiais da região, que pode ser um simples contrato por ajuste directo ou até a aprovação do orçamento anual.
A edição deste blog é da responsabilidade de José Leandro Lopes Semedo (43 anos), natural de Montalvão, concelho de Nisa. Formação superior em sociologia. Publica regularmente artigos de opinião no blog "Portal de Nisa"


 24 de Dezembro de 2014
NisaCentral